terça-feira, 12 de setembro de 2017

Deixar Ir...

É preciso esperar, mas é preciso saber a hora de virar a página...
Se há amor, tem que ser servido fartamente, migalhas não satisfazem...
Viver é ato de coragem...

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Vozes, Moinhos e Ventos

Ao longe sabemos o que ainda não somos. Letra, imagem, entrelinhas e pele.
Debruço-me sobre as areias finas ... o corpo embala-se...em movimento  como as dunas... oscilando como as marés...
No horizonte paisageiam moinhos e escuto os gritos que são  teus nos ventos.
No alaranjado  dos céus desenham-se rostos das fotografias tantas vezes vistas.
Deixo-te no mar... imagem desfeita, não menos amada, para que sejas em mim finalmente  abraço...

domingo, 13 de agosto de 2017

Luz Antiga

"Se não  sabe
Se afaste
De mim.
Se ainda cabe
Me abrace
Enfim."
Ana Cañas.

domingo, 21 de maio de 2017

A Luz



“Perante nós
O futuro
Não espera
É agora”
Nos diz poeticamente Teresa Salgueiro, em A Luz. Mas pensas que tem todo o tempo do mundo. As palavras ditas, até mesmo o que não sabes tudo se derrama, mas de tudo foges, até de ti. Como imagens tudo arde, os ouvidos te doem porque não queres ouvir. Queimo, rasgo, deleto imagens, mas não é certo que transformando-as em cinzas deixarás de existir. Explodi em palavras, hoje leio no horizonte os silêncios. Enquanto anseias eu vivo. O agora me pede para ser inteira.  

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Cidade Turva



São Paulo 23 de Dezembro, 2016.
Estamos sempre em busca, numa longa viagem, talvez a procura de nós mesmos. Cidades, ruas, fusos...rostos, mãos, palavras, imagens como labirinto, diria Jorge Luís Borges, como se caminhássemos numa biblioteca de Babel a céu aberto. 
Num instante a chuva se derrama pelo vidro e muda a direção, nem sou mais a mesma e nem a cidade diante de meus olhos. Procuro um endereço, um nome, uma rua, um livro, a saúde, o amor, um rosto...? Perdendo-me, finalmente me encontro? Não chego porque não sei o destino da viagem, não parto totalmente porque não aprendi a ir. Vôos que nos trazem para dentro de nós mesmos, horas que aproximam cidades, sono que não vem. Sensações de paisagens turvas dentro de mim. 

sexta-feira, 10 de março de 2017

Paisagens da Estrada

Nada sabemos do passado ou do futuro, mas dele entendo mais do que poderia. Ainda que de ti falte coragem sei que sabes e sentes o inexplicável que nos perpassa. Essa voz que ecoa e nos tira o sono e  que diante dela nada nos sacia. Leveza, sonhos, paisagens, o tempo como um rio, mar? que nos atravessa por dentro e desagua-nos um no outro.
tardes quentes, pequenas distâncias, cada dia menores nesse fevereiro, que já não são mais tempos. O que nos  distancia chama-se medo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Desencontro - Teresa Salgueiro

"Recolhes sem um lamento
com o sorriso que é teu
Os pedaços deste caos
Do que sou, de quem sou eu

E me cumpre desvendar
Para que a minha dor se apague
E o meu abraço se alongue
Só com leveza te afague

E mesmo que estejas longe
Eu seja a estrela que brilha
no fundo do teu olhar
Por mais que o mundo te pese

E o sonho tarde em chegar."

In: O Horizonte.

Rastros das socialidades - conversações com a literatura de João Gilberto Noll e Luiz Ruffato


Rastros das socialidades - conversações com a literatura de João Gilberto Noll e Luiz Ruffato
Cristina Maria da Silva
Formato 14x21, 403 páginas
ISBN: 978-85-391-0476-5

Este livro é uma reflexão sobre os laços da socialidade atual através da literatura contemporânea brasileira, por meio de textos de João Gilberto Noll e de Luiz Ruffato. Cristina Silva parte da hipótese que nessas narrativas literárias podem ser encontrados rastros das transformações ou transfigurações sociais, bem como as marcas das socialidades estão presentes nas formas e configurações dessas narrativas. Sendo assim, busca compreender as relações que marcam a sociedade atual, a partir de textos literários e a partir do diálogo entre as ciências sociais e a literatura.
  http://www.annablume.com.br/loja/product_info.php?products_id=1993&osCsid=ml92tlr4e08kfnkf1t6ugv9fo6


domingo, 29 de janeiro de 2017

Enquanto o mundo não nasce


 O mundo não chegou a nascer. Ainda somos os mesmos ou mais leves do que fomos ontem? 
As cinzas do que foi escrito me traz levezas, entre silêncios seguimos longe, ainda que dentro de mim algo me diga que perto estamos...mas nada sei do tempo e do amor, só me chegam notícias dos sonhos... 23 de setembro 2016



Imagem: calendar of yesterday's wishes-
Rafal Olbinski.

domingo, 15 de janeiro de 2017

A Confissão da Leoa



"Aqueles olhos, de tanta luz, escurecem o mundo. Mas é um escuro bom, um suave entorpecimento de infância. De tão claros os olhos (...) me devolviam qualquer coisa que, sem saber, eu já havia perdido. " Mia Couto. A Confissão da Leoa, 2012, p. 249.

A vida esperada, menos intensa do que a vivida, já não faz sentido. É possível fugir do olhar, do encontro, e talvez, até do destino, mas não de si, da nudez da alma, do corpo já entregue em palavras nas madrugadas frias e quentes de horas desconexas. O que foi escutado ressoa no tempo, vozes ditas como confissão, guardadas no ventre da noite-mulher que acalma, doce vinho que amacia a alma e adormece a dor.


"Dormir com alguém é a intimidade maior. (...) Dormir, isso que é íntimo. Um homem dorme nos braços de mulher e sua alma se transfere de vez. Nunca mais ele encontra suas interioridades." (Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, 2003, p. 46.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Viagem






Para viajar basta existir, lembra Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. Mas é preciso a poeira da estrada nos sapatos, é preciso que olhar mergulhe nas paisagens e não seja mais o mesmo da partida. Nesta viagem fui minha maior companhia, reencontrei-me com a estrada e suas curvas, com suas sensações e eu mesma não era mais a mesma, como se minha sombra tocando os novos caminhos fosse me fazendo ganhar outras formas. Disforme de mim, feita pelas viagens, sendo tocada pelos caminhos e pelos o que nele conheço, não ouso querer voltar atrás, quero apenas esse novo rumo, sem pressa e sem destino definido no bilhete que seguro entre as mãos. Quero esse tempo impreciso, entre a chegada e as inúmeras partidas, até que um dia, estejamos no mesmo lado da plataforma, do cais ou numa fila de check in, num lugar qualquer, pois não importa nem onde estamos, e agora nem quem somos, mas o que um dia poderemos ser, depois das distâncias e demoras, um no olhar do outro.


"Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós.
Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém."
Excerto Roubado aos Cadernos do Escritor. Mia Couto. A Confissão da Leoa, 2012, p. 27.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Continuidades




"O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete debaixo dos nossos pés,

Lya Luft