sábado, 31 de dezembro de 2016

A Demora

O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.
foto: Jardim de Nicoli/Facebook.
http://www.citador.pt/poemas/a-demora-mia-couto

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Aos dias que precisamos nos defender

“É difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, Severina.”
João Cabral de Melo Neto



domingo, 4 de dezembro de 2016

Antes de nascer o mundo....

Seguindo por terras sonâmbulas, o corpo explodindo para que eu mesma não exploda, como antes quebrar o copo para que mesma não me quebrasse por inteiro. Tudo pode esperar antes que o mundo nasça, antes que se saiba se nascendo seremos nele viventes. O que restará de tudo de todas as experiências, de tudo o que é dito? seremos mais do que lembranças de madrugadas mal dormidas e sonhos desfeitos?
06.set.2016


"sou o papel que espera pela tua mão, sou a letra que aguarda pelo afago dos teus olhos."
Mia Couto, Antes de Nascer o Mundo, 2009, p. 134. 

Paisagens dos que somos

 Impressionou-me ler Paul Auster, em seu Conto de Natal de Auggie Wren, que olhando uma mesma paisagem para compor um álbum de fotografias é possível ver mais do que sempre a mesma imagem. Dependendo do dia da semana, se é dia ou noite, se as pessoas transitam ou não pelas ruas, se é dia de semana ou um domingo, tudo altera a maneira como a paisagem se dá aos nossos olhos.
Aconteceria o mesmo com nossas paisagens interiores? com as tempestades das emoções, as suavidades de dias e noites tranquilas? instantes de serenidade ou de ebulição da alma, tudo pode alterar também as nuvens das nossas emoções, os céus se transformam diante do que nos dizem ou do que se revela para nós? sejam azuis ou cinzentos?
As paisagens urbanas e as nossas paisagens interiores se misturam enquanto compomos os álbuns do que somos. 29. nov.2016.






Las Dos Fridas (1939)

Seguro, como Frida, minhas próprias mãos e me ajudo a ir adiante.
09.08.2016

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O Tempo Seca o Amor


O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,


vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.

Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'.