domingo, 15 de janeiro de 2017

A Confissão da Leoa



"Aqueles olhos, de tanta luz, escurecem o mundo. Mas é um escuro bom, um suave entorpecimento de infância. De tão claros os olhos (...) me devolviam qualquer coisa que, sem saber, eu já havia perdido. " Mia Couto. A Confissão da Leoa, 2012, p. 249.

A vida esperada, menos intensa do que a vivida, já não faz sentido. É possível fugir do olhar, do encontro, e talvez, até do destino, mas não de si, da nudez da alma, do corpo já entregue em palavras nas madrugadas frias e quentes de horas desconexas. O que foi escutado ressoa no tempo, vozes ditas como confissão, guardadas no ventre da noite-mulher que acalma, doce vinho que amacia a alma e adormece a dor.


"Dormir com alguém é a intimidade maior. (...) Dormir, isso que é íntimo. Um homem dorme nos braços de mulher e sua alma se transfere de vez. Nunca mais ele encontra suas interioridades." (Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, 2003, p. 46.

Nenhum comentário: