Entre tantas coisas por dizer já não conseguia dizer nada, parecia ser apenas um murmúrio como o do vento, enquanto gotas de chuva caiam molhando as ruas....
Existia em si algo que beirava à loucura, mas que contornava um encanto ainda com as coisas miradas, os rostos desejados....
Mas sabia não era tão forte para sustentar o peso do seu próprio rosto nas mãos, não conseguia ser somente inteira, queria o direito de também ser pedaços....
Por que teria que ter verdades, dar seguranças e ser forte? não, em si latejava os excessos de como sentia o mundo, e ele a assombrava.
Em si, construia imagens e desvelava sonhos, os versos se perdiam no emaranhado de pensamentos que soltava pela janela.
O quarto aquecido não reconfortava a alma.
Ao deitar uma infinidade de seres sobrevoavam a cama, cheiros de lugares, vôos de borboletas contemplados nos jardins por onde passara, ipês rosas que acariciavam a imaginação, "horas de tantas pessoas"... e essas imagens que concatenavam um universo disperso de si...
Se fosse traçar a sua própria autobiografia, diria que era algo entre a busca por palavras perdidas, encontradas e esquecidas, e que só sabia ser: sendo!
tudo e de certa maneira nada, de certa maneira, pois não saberia traduzí-lo.
Suas inquietações pareciam não terem o direito de serem reveladas de tão íntimas que eram.... mas o que teria a revelar? além do próprio segredo que era para si mesma.
Nada preencheria esse vazio, mas também havia em si lugar para os encantos e surpresas... mas carregava essa lacuna inabitada por palavras.
Depois que o sol havia dado lugar a essa estação até então desconhecida, via as folhas caindo uma a uma diante de si e com elas adornava o tempo, as horas, as esperas... enquanto ia se consumindo e se desfazendo em imagens... como se rostos se transfigurassem e nem mesmo soubesse se poderia ser contemplada num espelho ou num olhar...chuvas brotavam em seu rosto, e lá fora, como dentro de si, o inverno chegava.
Um comentário:
Ai, que lindo!!!
Beijos.
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