Ao lado de Notre Dame e diante do Rio Sena - 25 Septembre 2007
Em Paris, por toda cidade percorrem melodias, dos mais variados ritmos... a vida se compondo na música ou a própria musicalidade sendo movida por ela...é comum os músicos estarem com seus instrumentos e artes nas esquinas, no metrô... vozes, pianos, violões, saxofones, flautas enchendo de encantamentos os olhos e a alma...mesmo que você não jogue nenhuma moeda aos seus pés, eles tocam com a mesma harmonia. Paris tem um lado de música, flores, ruas estreitas, milhares de rostos, pensares e sentires... cidade composta de saudades...ou são os olhos de que a vê? Mas nela é possível trilhar os caminhos estreitos das saudades e ainda assim esboçar um sorriso sabendo que a música da vida toca e mesmo longe estamos perto do que de fato somos.... Em algums lugares, como perto de Notre Dame, às vezes o encantamento perde o seu tom com a presença de algum policial pedindo para que pare a música e que o músico saia dali, para a indignação de quem ouve. Aliás, esse é um lado da cidade que me surpreende...Paris preserva seus prédios, suas ruas...seus jardins...mas qual o preço disso? Em vários lugares ficamos meio tensos, pois em alguns jardins não se pode sentar, apitos e gritos de “interdit” vindos da vigilância é o mais comum de se ouvir... nem em todos o lugares se pode ouvir apenas alguém tocar seu instrumento e encher de música o seu dia...mas claro Notre Dame está do lado e, você pode entrar, mas não depois de uma boa fila e, claro, pagando os seus cinco euros...
Assim, é possível descobrir a cidade dos turistas e a invisível para lembrar de Calvino... essa cidade que se compõe com os espantos, com as inquietações e reinvenções pelos que nela passam, vivem...e aqui tudo isso se encontra...entre tantas línguas e rostos, ruas e arquiteturas, medos, encantamentos e sonhos...assim: "Aquilo que (...) procurava estava diante de si, e, mesmo que se tratasse do passado era o passado que mudava à medida que (...) prosseguia a sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual cada dia que passa acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos".
(CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis.Paris 29 Septembre 2007).
Nenhum comentário:
Postar um comentário