sábado, 29 de setembro de 2007

Musicalidades...

Jardim de Luxembourg 15 Septembre 2007
Ao lado de Notre Dame e diante do Rio Sena - 25 Septembre 2007

Esquina de Saint Germain de Près - 17 août 2007 -





Dixie Memory Jazz Band - Jardin de Luxembourg 15 Septembre 2007

Escadaria do Sacre Coeur - 8 août 2007

Em Paris, por toda cidade percorrem melodias, dos mais variados ritmos... a vida se compondo na música ou a própria musicalidade sendo movida por ela...é comum os músicos estarem com seus instrumentos e artes nas esquinas, no metrô... vozes, pianos, violões, saxofones, flautas enchendo de encantamentos os olhos e a alma...mesmo que você não jogue nenhuma moeda aos seus pés, eles tocam com a mesma harmonia. Paris tem um lado de música, flores, ruas estreitas, milhares de rostos, pensares e sentires... cidade composta de saudades...ou são os olhos de que a vê? Mas nela é possível trilhar os caminhos estreitos das saudades e ainda assim esboçar um sorriso sabendo que a música da vida toca e mesmo longe estamos perto do que de fato somos.... Em algums lugares, como perto de Notre Dame, às vezes o encantamento perde o seu tom com a presença de algum policial pedindo para que pare a música e que o músico saia dali, para a indignação de quem ouve. Aliás, esse é um lado da cidade que me surpreende...Paris preserva seus prédios, suas ruas...seus jardins...mas qual o preço disso? Em vários lugares ficamos meio tensos, pois em alguns jardins não se pode sentar, apitos e gritos de “interdit” vindos da vigilância é o mais comum de se ouvir... nem em todos o lugares se pode ouvir apenas alguém tocar seu instrumento e encher de música o seu dia...mas claro Notre Dame está do lado e, você pode entrar, mas não depois de uma boa fila e, claro, pagando os seus cinco euros...

Assim, é possível descobrir a cidade dos turistas e a invisível para lembrar de Calvino... essa cidade que se compõe com os espantos, com as inquietações e reinvenções pelos que nela passam, vivem...e aqui tudo isso se encontra...entre tantas línguas e rostos, ruas e arquiteturas, medos, encantamentos e sonhos...assim: "Aquilo que (...) procurava estava diante de si, e, mesmo que se tratasse do passado era o passado que mudava à medida que (...) prosseguia a sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual cada dia que passa acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos".

(CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis.Paris 29 Septembre 2007).

Rio Sena


Ao anoitecer perto do Rio Sena o céu parece se mexer devagar, as nuvens ficam rosadas dentro do grande céu azul e nelas os traços azuis se perdem...
Os barcos correm pelo rio com os passantes que o tentam conhecer,
A arquitetura da cidade não só o cerca com suas pontes, mas parece velar os seus movimentos...
O Rio tem cheiro de mar....
Tem águas escuras...
As pessoas o cruzam, mas só poucos o contemplam...
Ele fala de memórias e vivências,
Ele é uma grande composição de lembranças de tantos que o olham e de uma Paris que tem como sangue o correr de suas águas.
o Rio Sena...é de chorar......
e até mesmo ele tem suas pontes e as margens da cidade ao seu lado,
só aparentemente segue sozinho.
O vento frio percorre seus braços....e estar diante dele faz até mesmo esquecer que ao atravessar a Rua o Louvre está adiante a nos esperar...
Ele é o mapa da transitoriedade de Paris....

Paris 12 aôut de 2007
Imagem Rio Sena da Pont des Arts 25 Septembre 2007

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Um filósofo e sua amada...



No último dia 24, segunda-feira o filósofo André Gorz, de 84 anos, e sua esposa Dorine de 83, que sofria de uma doença incurável, morreram juntos, como viveram, por amor... Os dois foram encontrados juntos em sua casa em Vosnon no oeste Francês... Foram várias as matérias publicadas no site Le Monde, a título de informação, a Folha de São Paulo publicou um tipo de resumo do que saiu aqui, no dia 27 de Setembro.


- Le philosophe André Gorz se donne la mort avec son épouse Dorine
- André Gorz, le philosophe et sa femme
- "Je me souviens" par Jean Daniel

No final do ano passado, André Gorz escreveu :
Em “Lettre à D. Histoire d’un amour”, de 2006, Gorz escreveu a Dorine:


"Tu vas avoir quatre-vingt-deux ans. Tu as rapetissé de six centimètres, tu ne pèses que quarante-cinq kilos et tu es toujours belle, gracieuse et désirable. Cela fait cinquante-huit ans que nous vivons ensemble et je t'aime plus que jamais. Je porte de nouveau au creux de ma poitrine un vide dévorant que seule comble la chaleur de ton corps contre le mien."

Você tem 82 anos, diminuiu uns seis centímetros, não pesa mais que quarenta kilos, e você continua sempre bela, graciosa e desejável. Fazem 58 anos que vivemos juntos, e eu a amo mais que nunca. Eu carrego novamente em mim no mais profundo do meu peito um vazio avassalador que só é preenchido pelo calor do seu corpo contra o meu.

“Vivre avec Dorine, l'aimer et aimer notre vie ensemble m'a appris cela, mais je ne le disais pas, car je ne comprenais pas encore combien j'avais besoin d'elle pour écrire, plus qu'elle n'avait besoin de moi pour vivre."

Viver com Dorine, amá-la e amar nossa vida juntos me ensina isso, mas eu não a digo isso, porque eu não compreendo ainda quanto eu tenho precisado dela para escrever mais do que ela não teve precisado de mim para viver.

Michel Contat, que escreve no Le Monde, termina dizendo: “Un beau couple sans enfant mais avec oeuvre, ses livres, et en tout cas celui-ci, qui restera”...traduzindo, um belo casal, sem filhos, mas com uma obra, seus livros e em todo caso é isto que restará....

Impressões...


Paris tem cheiro de folha molhada, desenho de nuvens caindo, cobrindo de sombras seus dias mais ensolarados ...há flores por todo lugar, há silêncios...
Silêncios das árvores que nos olham chegar e partir...
Ruídos dos trens que vêem e vão cortando as ruas e parando os pedestres nos muitos sinais que completam suas calçadas...
Paris Parc Moutsouris- 13 aôut 2007

Pequenos Prazeres




Com o passar dos dias, das horas, descubro as belezas veladas dos lugares, o lago entre as árvores, a doçura dos pequenos passarinhos brincando entre as folhas...
Os patos flutuando sobre a água, abrindo em traços a suavidade de seu nado...
Ouço os ruídos da cidade ao longe, os gritos das crianças e os passos dos tantos que seguem e dos tantos que como eu vão embora...

Parc -Montsouris / Paris 16 août 2007

Montmartre







Montmartre é uma das faces mais bonitas de Paris, é o lugar mais alto da cidade e aqui as imagens só de cartão postal dão lugar a própria vida, pessoas indo e vindo entre os turistas para ganhar o pão...músicos e a visão inteira de Paris para o descanso e o deslumbre dos olhos.
Daqui imaginei ver uma das faces de Paris, mas na verdade tenho em mim que aqui é possível ver de fato seu rosto, entre sombras, luzes e as cores que percorrem os becos, escadarias, traços e contornos que compõem essa paisagem...
Nela a arte se espreita nas ruas, em suas sombras, essa Paris me comove, pois ela traz o avesso, a poesia e a paixão que contorna cada cidade ... ela desenha um lugar ou lugares encantadores basta abrir ou fechar os olhos...



Um nome na vidraça...


“A guriazinha
Desenha as letras
Do seu nome na vidraça
-encantadoramente
Malfeitas -
As letras escorrem
Enquanto isto,
Umas pessoas
Morrem
Outras nascem (...)
A guariazinha apaga as letras lacrimejantes na vidraça
E recomeça...)”.

Um nome na vidraça. Mário Quintana